DIABETES GESTACIONAL GERA ATRASO MOTOR E MENTAL NO BEBÊ?

O estudo queria investigar a relação entre mães com diabetes gestacional (DG) com possíveis alterações no desenvolvimento de seus filhos com 3 meses e meio de idade.

Eles conseguiram investigar 52 bebês de mães com DG e utilizaram a escala Development Assessement Scales for Indian Infants (DASII). Essa é uma escala parecida com a Bayley, mas adaptada a população indiana, portanto ela irá avaliar componentes motores (67 itens) e mentais (163 itens), onde ele dará três cocientes, (i) developmental motor quotient (DMoQ), developmental mental quotient (DMeQ), and composite developmental quotient (DQ).

As mães com DG tinham que ter o exame de hemoglobina clicada (HbA1c) alterado. Este exame é feito para entender a fração de hemoglobina que se liga a glicose. Este exame é o mais seguro para fazer esse diagnóstico, pois a glicose vai sendo incorporada na hemoglobina devido a concentração deste carboidrato no sangue. Como a hemoglobina tem um tempo de vida em média de 90 dias, é possível entender não o estado atual de glicose sérica da pessoa, mas como está a quantia de glicose sérica nos últimos 60 dias em média. Portanto, ele acusa a concentração média de glicose no sangue de uma pessoa durante um longo período. 

Um dado interessante é que há uma diferença estatisticamente significativa entre o peso e comprimento dos bebês em estudo (filhos da mães com DG) e dos controles, onde os bebês estudados apresentam menor peso e comprimento com 3 meses e meio de idade. 

Nos resultados eles observaram diferença significativa no cociente motor, mental e total.  

Outro dado interessante neste estudo é que não observaram relação do peso materno com a presença da DG. 

Entretanto, esse estudo apresenta limitações importantes para realizarmos conclusões assertivas sobre a relação da DG e alterações no neurodesenvolvimento. Primeiramente, eles não realizaram ou comentaram sobre como realizaram um cálculo amostral para saber se o número de participantes era adequado para gerar um pode estatístico robusto. Dessa forma, eles podem ter analisado pacientes de menos, gerando um falso positivo, ou podem ter analisados pacientes de mais, gerando um falso negativo. Em segundo lugar, os grupos apresentam diferenças significativas na sua baseline como descrito, o que pode justificar o resultado favorecendo uma alteração nos bebês filhos de mães com DG. Se eles tem peso e comprimento menor, isso quer dizer o que sobre seu estados geral? Há uma subnutrição? Entretanto, o perímetro cefálico não apresenta diferença significativa, o que demonstra um crescimento cefálico adequado. Fica a pergunta, o que será então? Resposta, não sabemos. Faltou eles pontuarem isso. Terceiro e último ponto, é sobre a escala DASII, apesar de ser validada na Índia ela não é utilizada em outros países, portanto essa informação não pode ser transposta para a realidade de outra populações. O melhor seria se tivesse utilizado escalas como a Bayley e a Alberta, se quisessem expandir e generalizar esses achados para outros países.

A mensagem que levo desse estudo é:

  • A diabetes gestacional deve ser investigada como um fator de risco pré-natal para o neurodesenvolvimento do bebê, mesmo quando as mães estão sobre dieta e não sob uso de insulina. Geralmente na clínica, as mães acham que não é importante ter tido DG se foi controlada com dieta e minimizam essa informação.